sábado, 26 de maio de 2012

”A vingança”

sábado, 16 de outubro de 2010




Embora o desfecho desta história que lhes conto seja fictício, devo deixar claro que o teor do conto é verdadeiro e acontece ainda hoje bem perto de mim. A intenção minha é apenas deixar patente aos leitores que sentimentos de ira e de justiça que passam a todos os momentos por nossas cabeças, mas cabe a nós controlarmos o ímpeto vingativo e acalmar o nossos “corações” para não tornarmo-nos justiceiros insensíveis.

Resumindo ao máximo, começo a esclarecendo os motivos que levaram o Noreda a praticar tal ato. Durante cerca de dois meses ele observou atentamente o comportamento daquela mulher e daquele homem. O marido – um jovem de apenas 22 anos – saía bem cedo para trabalhar. Era quando o pastor chegava à casa do membro de sua igreja, para foder sua mulher durante horas.

Podia ver pela janela quando eles terminavam de transar e riam da total incapacidade do jovem corno em perceber que sua mulher gostava muito mais de sexo do que ele poderia oferecer. Ela dizia que a culpa era dele mesmo, pois ele preferia ir para a igreja ensaiar com a banda do que ficar em casa e dar conta do recado.

Certa vez, o pastor fez uma visita na casa com o pretexto de fazer uma campanha de oração por ali...só os três. Ao terminarem o marido foi tomar banho enquanto a mulher – jovem 19 anos – foi passar um cafezinho. Não deu outra. Eles meteram ali na sala mesmo. Rolou até sexo anal. Enfim, tudo isso irritou muito ao Noreda e o levou a tomar uma atitude radical.

Depois de abordar o pastor numa esquina escura e desmaiá-lo com um golpe na cabeça com o cabo do revólver, jogo-o dentro de um porta-malas e levo-o até o monte onde muitas vezes ele traçou a mulher do membro. Ele está sangrando muito, não me preocupei nem em averiguar se ele estava morto. Arranco-o com brutalidade de dentro do carro e começo a socar sua cara. Então ele acorda, sem entender nada ele me pede que leve o que quiser mas não o mate.

Não quero nada que você possua, eu digo.

Você vai morrer hoje cara! Está preparado para isso? Vou livrar o mundo de uma desgraça...uma doença que é você. Você sabe por que estou fazendo isto, não sabe? Você é um enganador, você fere um mandamento divino que é o de não cobiçar a mulher do próximo. Vou matá-lo, mas antes vou fazê-lo sofrer. Quero que tenha tempo para se arrepender.

Minha vós treme e a arma parece pegar fogo em minha mão. O aço do revólver parece ter se fundido à minha pele. A sensação é ruim e boa ao mesmo tempo. Um filme passa em câmera lenta em minha cabeça. Perguntas do tipo: “que direito eu tenho de fazer isso?” ou “o que faz de mim um cara melhor do que ele?”. Não importa, eu vou matá-lo, não cheguei até aqui para arregar agora.

Pergunto para ele se ele quer morrer. Pergunto se ele mataria um homem se soubesse que sua mulher, é possuída quatro vezes por semana em sua própria cama. Pergunto se ele já imaginou a sensação de cair de boca na vagina de sua esposa, sem saber que horas antes ela estava cheia do esperma de outro homem. Ele não reponde. Posso ouvir um homem chorando agora. Ele chora, com o rosto ensangüentado virado para o chão, a terra do monte entra em sua boca enquanto ele respira pesadamente.

Vou matar este homem. Vou morrer aqui por dentro, mas cumprirei a missão que eu mesmo me dei. Nunca pensei que fosse tão pavoroso ter a vida de uma pessoa bem no final do cano de uma arma. Quero gritar. Quero entender o porquê disso tudo, mas não grito. Olho para o céu e ele hoje está todo pontilhado com estrelas. Nunca vi um céu tão lindo. Nada me acalma, e a tremedeira, causada pela raiva, voltou.

Ele se levante e tenta virar para mim, mas eu o impeço com uma coronhada bem no nariz. O sangue jorra como um chafariz. Ele grita por misericórdia a Deus. Promete que nunca mais vai sequer olhar para outra mulher que não a dele. O Sol desponta no horizonte, já são quase cinco da manhã. Mando que ele aprecie o nasce r do Sol, pois será seu último.

Ele agora está chorando como uma criança. Eu não vou mais fazer isso, eu juro! Por favor, não me mate, eu tenho dois filhos cara!

Eu sei que você nunca mais vai fazer isso, agora eu confio em você. Mando que ele se ajoelhe de frente para mim. Olho bem dentro de seus olhos e vejo um homem apavorado, totalmente inseguro, desesperado, bem diferente daquele cara que pregava sermões moralistas enquanto traçava a mulher de um de seus membros da igreja.

Olho para o Sol mais uma vez. A arma está apontada bem entre os lhos do homem adúltero. Por um momento posso sentir a presença de Deus ao meu lado, em forma de calor, em forma de luz, mas sei que não é Ele...então, num momento de estúpidaa lucidez...

Puxo o gatilho.

(Edson Moura)

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