terça-feira, 1 de março de 2011
Vejo um planeta desabitado
Outrora havia árvores, pássaros, homens
Podia-se banhar-se em águas límpidas
Mas agora, o rio não passa de uma cicatriz no chão árido
Para onde foram os habitantes?
Fiquei velho e sozinho num mundo vazio
Não vejo possibilidade de recomeço...não solitário
Recosto-me no que deveria ser uma bela árvore
Quase posso sentir seus ramos me olhando
Era um ótimo lugar para se viver
Hoje apenas permeia os sonhos de um velho sobrevivente
O oxigênio já não é o mesmo
Meus pulmões clamam pela antiga fórmula
Forçadamente os ar entre em meu ser
E o cansaço que me atinge quase me obriga a dormir
Quem matou a vida que aqui existia?
Lembro-me que descobriram a cura para todas as doenças
Será que este evento causou o fim?
Ao descobrir como se viver mais, acabamos por nos matar?
Trezentos anos se passaram desde a descoberta
Agora me lembro, o homem tornou-se uma praga
Por que este planeta morreu?
Vinte bilhões de pessoas nem é tanta gente assim
Mas a Terra nos cobrou um preço alto pela longevidade
Tirou-nos o direito de continuarmos por aqui
Por um minuto paro para descansar
Reflito sobre o mal que causamos a nós mesmos
E num tribunal onde só eu sou o juiz
Declaro-me culpado por tudo que vejo
Posso cair no sono eterno sem ira
Junto-me então às montanhas de ossos
Porque é aqui que termina minha jornada
A escuridão do dia confunde-se com noite
E suavemente sinto o último punhado de ar sair de meu peito
Devolvo agora o sopro de vida que um dia me deram.
Edson Moura
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