domingo, 28 de março de 2010
Quando
aprendermos a escutar a voz das coisas, dos fatos, veremos como tudo fala, como
tudo se comunica conosco. Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que
me amam. Em cada desatenção, não sou nem educado e nem cristão. Em cada olhar de
desprezo, alguém termina magoado.
Em
cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.
Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo. Em cada
ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido. Em cada palavra áspera que digo,
perdi alguns pontos no céu. Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do
evangelho.
Em
cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste. Em cada oração de
agradecimento que não faço, eu peco. Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho
se aflora. Em cada fofoca que faço, peco contra o silêncio. Em cada pranto que
enxugo, torno alguém mais feliz! Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida. Em
cada sorriso que espalho, planto alguma esperança.
Em
cada espinho, que finco, machuco algum coração. Em cada espinho que arranco,
alguém beijará minha mão. Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém! Somos
todos, anjos com uma asa só. E só podemos voar quando abraçados uns aos
outros.
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