domingo, 19 de setembro de 2010

Existencialismo

Por Noreda Somu Tossan

O existencialismo é uma corrente filosófica contemporânea que surgiu na Europa logo após a I Guerra Mundial, cresceu entre duas guerras e tornou-se moda, sobretudo nas duas décadas após a II Guerra. A época do existencialismo foi um tempo de crise. Ele expressou e representou a situação histórica de uma Europa dilacerada, física e moralmente, por duas grandes guerras, e de uma sociedade que, entre os conflitos, experimentou a perda da liberdade com regimes totalitários.


O termo designa o conjunto de tendências filosóficas que têm em comum a análise da existência humana. É difícil, entretanto, exibir o sentido exato que cada filósofo existencialista atribuía à palavra. Pode-se dizer que o conceito de existência era tomado como algo que se referia à condição específica do homem como ser do mundo. “Existir” implicava em “estar em relação” com outros seres humanos... com a Natureza e com as coisas.

De modo geral, o traço comum entre os filósofos existencialistas é a visão de certa forma dramática sobre o destino do homem. O ser humano representa uma realidade imperfeita e inacabada que foi lançada no mundo e vive sob riscos e ameaças contingenciais. A liberdade é condicionada às circunstâncias históricas da existência. O Homem age no mundo superando ou não os obstáculos que lhe são apresentados pela vida.

A vida humana, para os filósofos existencialistas, é marcada por situações adversas, como a dor...a doença...a luta pela sobrevivência...o fracasso ...e no por fim, a própria morte. Eles também não ignoravam o sofrimento, a angústia interior e a exploração social.

Nas raízes do existencialismo encontra-se o pensamento de Kierkegaard. O filósofo protestante dinamarquês afirmava a prioridade da existência sobre a essência, e foi provavelmente o primeiro filósofo que deu à palavra “existência” um sentido, digamos, existencialista. Para ele, as relações do homem era m dominadas pela angústia, entendida pelo sentimento pelo qual o homem percebe a dificuldade de se viver num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantias de que suas expectativas possam ser realizadas. Ele uniu a sua teoria da angústia à teoria da solidão total do homem diante de Deus e do caráter trágico do destino humano.

O filósofo alemão Martin Heidegger tinha como objetivo principal em seus estudos, investigar o sentido do ser. O homem era lançado ao mundo sem saber o motivo. O desenvolvimento da existência acontecia quando o ser humano estabelecia relações com o mundo.

Para existir, o homem projetava sua vida e procurava agir no campo das possibilidades. Ao tentar realizar seus objetivos, ele sofria interferência de fatores externos que o desviavam de seu caminho existencial. Heidegger considerava que o homem só conseguia libertar-se do que não era autêntico por meio da angústia.

O existencialismo se interessa pelo homem em sua singularidade. A existência, ao mesmo tempo em que é finita, contém inúmeras possibilidades, pois pode transformar-se. A existência não é essência, coisa dada por natureza, realidade predeterminada e não modificável. As coisas e os animais são o que são e permanecem assim. Entretanto, o homem será o que ele decidir ser. A existência é um “poder ser”...é incerteza...risco...decisão...impulso. O impulso pode ser em direção a Deus...ao mundo...ao próprio homem...à liberdade e ao nada.

São pelo menos quatro os filósofos da atualidade que podem ser considerados existencialistas:

Gabriel Marcel (falarei deste, num futuro próximo), Karl Jasper, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Todos eles se inspiraram em Kierkegaard que, apesar de distanciado pelo tempo, é geralmente tido como um existencialista muito influente. O autor mais conhecido entre os existencialistas é Jean-Paul Sartre. Ele dizia em sua obra “Náusea”: “eu me sinto triste, mas tomar consciência do meu desgosto é colocá-lo como um objeto a distância de mim. Pois o eu que diz ‘estou triste’ não é mais, de modo algum, o eu que está triste. Assim o homem está por sua consciência, sempre além de si mesmo. Eis o sentido do ‘existencialismo’.”

Sartre sofreu influenciado filósofo idealista alemão Friedrich Hegel e tentou interpretar tudo pelo método da dialética, ou seja, por meio de uma tensão entre os opostos.

Para Aristóteles e os filósofos gregos, a essência do homem era ser racional. Para Sartre, a pessoa deveria produzir sua própria essência, porque nenhum Deus criou os seres humanos de acordo com um projeto divino.

Em sua obra “O Ser e o Nada”, Sartre atacou a teoria aristotélica da potência e afirmou que, “o ser é o que é”. Na sua linguagem, tratava-se do “ser em si” que não é ativo ou passivo, nem afirmação ou negação, mas simplesmente repousa em si.

Sartre tem como ponto de partida o caráter intencional da consciência, pois todo modo de consciência representa e revela algo, está direcionado para algo fora dela mesma. Ela ‘não existe’ sem estar representando ou criando a presença de um objeto ou de alguma coisa. Os objetos da consciência são considerados reais, existem como fenômenos (imagens) e Sartre os considerava “seres em si”...

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